HISTÓRIAS DA OUTRA MARGEM

Ao ritmo das estações do ano e do ir e vir dos mosquitos no efervescente bairro de Tamanoi, zona de prostituição na margem leste do rio Sumida, o escritor Tadasu Oe vive uma história de amor mal resolvida com Oyuki, ao mesmo tempo que escreve um romance sobre um professor aposentado que abandona a família à própria sorte. Combinando ficção, diário, poesia, crônicas e memórias, Nagai Kafu tece uma trama eufórica que tem como pano de fundo a Tóquio dos anos 1930. Seu próprio diário, escrito na mesma época, relata suas andanças por Tamanoi, o que levou muitos críticos a especularem que seria seu alter ego. 

O mote fundamental é aquele do livro que narra seu próprio processo de escritura. Edward Seidensticker, biógrafo de Kafu, comparou-o ao trabalho de André Gide em Os moedeiros falsos, afirmando que Histórias da outra margem é “um romance, ou romance-ensaio, sobre os sentimentos e humores de um homem que no momento se encontra escrevendo um romance”. Com seu olhar de outsider, Kafu consegue, de uma posição privilegiada, cantar essa cidade cheia de contrastes, cujas ruas parecem se dissolver diante dos olhos do leitor — e às quais vêm se somar a destruição causada pelos terremotos e enchentes e o aparente progresso industrial, que oprime a classe rural e força alguns agricultores a venderem suas filhas a bordéis para conseguirem se alimentar.

LEIA UM TRECHO DA OBRA

                                                                                                   


NAGAI KAFU

Nascido em Tóquio em 1879, o autor recebeu o nome de Nagai Sokichi. Tornou-se célebre com seu nome literário, Kafu. Desde a adolescência interessou-se por literatura e cultura tradicionais japonesa e chinesa, além de apreciar autores franceses como Zola, Baudelaire e Maupassant. Aos dezenove anos já escrevia seus primeiros contos, que seriam publicados a partir de 1900. Em 1903 viaja a Nova Iorque, onde trabalha em um banco japonês. Esse período inspirou o livro Amerika Monogatari [Histórias Americanas], de 1908. Em 1906, por exigência do trabalho, muda-se para Lyon, na França, onde teve contato intenso com a literatura daquele país, interessando-se especialmente pelo simbolismo. Ao retornar ao Japão, em 1908, já é um homem de letras maduro e cosmopolita. O profundo interesse que demonstra pelo mundo das gueixas e prostitutas está sempre refletido em suas histórias. Autor de romances, contos e peças de teatro, manteve intensa produção até sua morte, em 1959.



Livro
Tradutor Andrei Cunha
Formato 14x21cm
Páginas 128
ISBN 978-85-7448-215-6

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