A GATA, UM HOMEM E DUAS MULHERES | O CORTADOR DE JUNCOS 


As duas narrativas que compõem esta edição são exemplos excelentes de por que Tanizaki é louvado como um dos grandes mestres da literatura japonesa no século 20. 

A gata, um homem e duas mulheres descreve um inusitado triângulo (ou, se quiserem, quadrilátero) amoroso. A caprichosa gata Lily, o bonachão Shozo, sua ex-mulher Shinako e sua nova companheira Fukuko. Destacando a complexa personalidade de seus protagonistas e as sutilezas das relações afetivas entre eles, Tanizaki cria um brilhante e divertido retrato da intimidade, da convivência e das dinâmicas de poder entre os humanos (e felinos).

O cortador de juncos é uma narrativa em que Tanizaki se propõe o desafio de homenagear duas pedras basilares da arte japonesa: o teatro nô e o "Genji monogatari" (texto escrito no século 11, considerado o primeiro romance da história). Para isso, tanto a estrutura de "história dentro da história" (característica do teatro nô) quanto formulações textuais que remetem à literatura clássica nipônica (bem como referências diretas e indiretas ao "Genji monogatari") aparecem em conjunto. O pano de fundo histórico, o virtuosismo da trama e a tensão erótica típica de Tanizaki garantem uma leitura de tirar o fôlego. 

LEIA UM TRECHO DA OBRA 


JUN'ICHIRO TANIZAKI 

JUN’ICHIRO TANIZAKI, nascido em 24 de julho de 1886, viveu e estudou em Tóquio até o terremoto de 1923, quando mudou-se para a região de Kyoto-Osaka, cenário de muitas de suas obras. Mais transgressor do que seus compatriotas de ofício, o universo de Tanizaki é centrado na sensualidade e no erotismo, sendo que infidelidade, fetichismo, tendências sádicas e voyeurismo não coíbem os personagens de realizar seus anseios, bem na tradição budista que desconhece a noção de pecado – Tanizaki jamais viajou ao Ocidente e não era influenciado pelo cristianismo e suas normas morais. Foi o primeiro escritor japonês eleito como membro honorário da American Academy of Arts and Letters. Dentre suas principais obras estão Amor insensato [1924], Voragem [1928], Há quem prefira urtigas [1929], As irmãs Makioka [1943], A chave [1956] e Diário de um velho louco [1961]. Faleceu em 30 de julho de 1965.