QUINQUILHARIAS NAKANO - 2ª EDIÇÃO
Quinquilharias Nakano: sobretudo não vá chamar esse singular estabelecimento comercial em Tóquio de antiquário! O patrão não deixa de jeito nenhum. Na verdade, não chega a ser nem isso, e ao mesmo tempo é muito mais. Simpático microcosmo de uma megalópole frenética, ali a premeditação e o instinto, o disfarce e a espontaneidade mesclam-se a inusitados bricabraques, frutos das picarescas “retiradas” nas mais variadas moradias. Enfileirados nas prateleiras e tentando chamar a atenção de idiossincráticos clientes, formam uma espécie de contrapé do Japão dos dias atuais.
O senhor Nakano, o proprietário um tanto filósofo e cheio de artimanhas, as quais tenta ensinar com uma sabedoria toda sua, está em constante busca de aventuras amorosas; sua irmã Masayo é uma bem-humorada artista de pouca expressão. Hitomi, a narradora que tudo observa com seu olhar tão cool, e Takeo, o faz-tudo taciturno e enigmático e “péssimo nessas coisas de sexo”, como ele mesmo diria, os auxiliam o quanto podem.
Uma sensualidade audaz desfila pelo romance — “[...] a curta cena de sexo com Takeo de cinco milhões de anos antes parecia estar grudada em metade de meu cérebro. A outra metade estava preenchida por algo morno e nebuloso como o ar quente do aquecedor a querosene” —, sempre impregnada de certa dose de melancolia, e revela amores malogrados de solitários quase convictos, inserindo a autora nessa “escola” que se notabiliza por um texto sereno, meio blasé, de um charmoso ceticismo no que diz respeito às relações humanas na imensidão das metrópoles japonesas, a começar pela tentacular capital do país.
A ocidentalização da cultura japonesa, a rivalidade com a China (“O problema é o Made in China na parte de trás da peça — informou o senhor Nakano, tranquilo, depois de deixar o cliente reclamar com rispidez”) e outras questões na ordem do dia compõem uma narrativa que faz o tempo correr maliciosamente, contextualizando a excelente e premiada Hiromi Kawakami entre as vozes ácidas e por vezes dissonantes de uma nova literatura japonesa que se faz necessário difundir.
HIROMI KAWAKAMI Nasceu em Tóquio em 1958. Estudou ciências biológicas na Universidade de Ochanomizu e foi professora até 1994, quando estreou na literatura com o romance Kamisama [Deus]. Com Hebi o Fumu [Pisar Uma Cobra] recebeu em 1996 o Prêmio Akutagawa. Desde então, vem sendo reconhecida e laureada em diversas premiações importantes, inclusive com o Prêmio Tanizaki de 2001, por A valise do Professor. Uma das escritoras japonesas mais lidas na atualidade, Kawakami vem se impondo no mundo literário com a tonalidade extremamente peculiar de seu estilo, ao mesmo tempo refinado e enxuto, onde os temas privilegiados são o dia a dia metropolitano, o charme das metamorfoses da vida, o amor e a sexualidade. |
Livro | |
Tradutor | Jefferson José Teixeira |
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Formato | 14x21cm |
Páginas | 288 |
ISBN | 978-85-7448-179-1 |