
Escrito e publicado pouco após a queda do Reich, em 1947, o romance MORRER SOZINHO EM BERLIM é uma das primeiras obras por um autor alemão a tratar da resistência aos nazistas, e considerada uma das mais importantes. Em 1945, Johannes Becher fez chegar às mãos de Hans Fallada, autor de renome internacional desde a década de 1930, arquivos da Gestapo sobre o julgamento do casal Otto e Elise Hampel. Após descobrirem que o irmão de Elise havia morrido na guerra, o casal iniciou sua própria campanha contra o regime nazista em Berlim, escrevendo e distribuindo secretamente cartões-postais em que pediam que o povo alemão se recusasse a cooperar com os nazistas.
A esperança de Johannes Becher, também escritor e presidente da organização cultural do setor soviético da Alemanha, era que Fallada conseguisse eternizar esta importante história de resistência em uma obra-prima da literatura antifascista. E deu certo — desde sua publicação original pela editora Aufbau, a história romanceada do casal Hampel esteve continuamente disponível na Alemanha, ganhando adaptações televisivas e cinematográficas e se tornando uma referência cultural para a geração do pós-guerra.

Um dos cartões-postais dos Hampels; no meio está um selo com o rosto de Hitler, rabiscado com as palavras"assassino de trabalhadores".

Hans Fallada escreveu MORRER SOZINHO EM BERLIM em menos de um mês. O autor morreu pouco depois, de complicações ligadas ao abuso de álcool e morfina, em fevereiro de 1947. A primeira publicação da obra em inglês veio só em 2009, pela americana Melville House, e transformou o livro em um “best-seller surpresa”. Edições europeias (só a edição inglesa vendeu mais de 400 mil exemplares; vendas em Israel e França passaram dos 100 mil) também atraíram grande público. Na obra Fallada recria a história do casal Hampel, agora batizados Otto e Anna Quangel.
Berlim, 1940.Quando seu único filho morre na guerra lutando pelo Führer, Otto e Anna Quangel decidem que não podem mais viver como se nada estivesse acontecendo. Se eles já não simpatizavam com os rumos da Alemanha, os privilégios dos membros do partido, o constante medo da vigilância de cidadão por cidadão, os abusos de autoridade e os boatos de horrores inimagináveis, eles agora decidem agir.
“MÃE! O FUHRER MATOU MEU FILHO! O FUHRER VAI MATAR OS SEUS FILHOS TAMBÉM, ELE NÃO VAI PARAR ANTES DE LEVAR O SOFRIMENTO A TODOS OS LARES DO MUNDO..." é a frase que Otto Quangel grava em um cartão-postal, que ele deixa em um prédio público da cidade.
Enquanto mais e mais dessas peças surgem — e quase invariavelmente caem nas mãos das autoridades nazistas — um frenético jogo de gato e rato tem início. A reputação e a vida do delegado Escherich, homem-forte da Gestapo, dependem de ele encontrar o quanto antes o traidor por trás da ultrajante campanha de difamação.
A partir da história real de dois operários berlinenses e sua inabalável coragem e resistência o autor compõe, em forma de thriller, um retrato objetivo e cru dos horrores da vida sob a ditadura nazista. Entre trabalhadores, marginais, pequenos tiranos, acusados e acusadores, cada um viverá e morrerá por si.