No mesmo barco
Neste livro, Peter Sloterdijk se insere no debate sobre a hiperpolítica, fulminando com seu estilo ímpar quatro mil anos de história. Ele distancia seu olhar à medida que mergulha nas grandes civilizações da Antiguidade, o que lhe permite apreender alguns vícios fundamentais de nossa época com extrema perspicácia.
A partir dessa combinação de flashbacks e tempo real, Sloterdijk chega à tese de que os homens estão sentados sobre uma bomba-relógio lógica desde a invenção da roda - bomba armada pelo conceito de diversidade e pluralidade da espécie humana, cujo potencial explosivo engendrou nos últimos dois ou três séculos reações em cadeia: fenômeno aliás mais conhecido como "História universal". Apresentando o processo histórico como uma longa sucessão de convívios forçados, Sloterdijk enquadra-os em três etapas: mostra como a partir do pau torto das hordas pré-históricas primeiro foram talhados os antigos povos de caçadores e colhedoras; como depois na época agrocultural foram empilhados impérios e reinos; e como finalmente na era industrializante uma sociedade tendendo ao tráfego universal elabora um difuso, por vezes desregulado, estado planetário pós-imperial.
Reflete sobre a arte do possível em nossa época, que não se deixa mais definir como política, apenas como hiperpolítica - às hiper-hordas da atualidade corresponde apenas, quando muito, uma hiperpolítica. No entanto, esta padece ainda de duas falhas: todas as tentativas de transportar a cidade para o Grande, isto é, para uma sociedade universalizante, levam a totalitarismos e ao sacrifício das pequenas unidades empurradas para becos psicopatológicos. Portanto, qualquer política futura estará sujeita a uma situação onde não somente o Pequeno e o Grande devem ser novamente configurados, mas também o Velho e o Novo.
Título: No mesmo barco
Autor: Peter Sloterdik
Tradução: José Oscar de Almeira Marques
ISBN: 9788574480015
Formato: 21x14 cm / páginas: 96