Editora Estação Liberdade: cosmopolita e exploradora

Fundada em 1989 em São Paulo, a Editora Estação Liberdade surgiu a partir do Clube do Livro, inicialmente um selo literário do grupo Ática-Scipione que se tornou independente. O nome presta homenagem ao bairro da Liberdade, centro da colônia japonesa paulistana e primeira sede da editora, e também pelo momento histórico do país, que caminhava para o fim da ditadura militar.

Com muito orgulho, mantemos total independência editorial e empresarial, tendo a bibliodiversidade e a edição criativa como bandeiras. Procurando trazer direto da fonte o que há de melhor da ficção e não ficção pelo mundo, hoje o catálogo da casa é contemplado com clássicos da literatura, ficção contemporânea, filosofia, história, arquitetura, literaturas e culturas do Extremo Oriente, sempre em traduções diretamente dos idiomas originais.

Com um enfoque em história François Dosse, estreando em nosso catálogo com A saga dos intelectuais franceses 1944-1989, nos oferece uma historiografia comentada da intelligentsia francesa na segunda metade do século XX, dos acontecimentos pós-Segunda Guerra Mundial até os eventos de 1989.  Num registro mais filosófico, Charles Pépin, que já exaltou a beleza, a alegria e até mesmo o fracasso em suas obras anteriores, em A confiança em si nos permite explorar o funcionamento da autoconfiança.

Já na esfera ficcional, o mais novo romance do premiado autor afegão Atiq Rahimi, Os carregadores de água, nos chega com uma prosa poética e muitas surpresas no enredo, abordando questões como o exílio, a liberdade, a memória e a destruição dela. Ao passo que com Afirma Pereira, iniciamos a reintrodução da obra de Antonio Tabucchi no Brasil. O vivaz jogo de espelhos da ficção de Tabucchi era objeto de desejo da editora já havia algum tempo, e agora temos a responsabilidade de ser sua nova casa no Brasil.

Seguem valores literários mais antigos ou bem contemporâneos: A mulher das dunas, obra de ruptura do japonês Kobo Abe, faz com que os leitores reflitam sobre o valor do trabalho, do tempo, da liberdade e da solidão. A polícia da memória, finalista do International Booker Prize 2020 e do National Book Awards 2019, traz novamente à baila a contemporânea Yoko Ogawa. Em Terráqueos, segundo romance de Sayaka Murata publicado pela Estação Liberdade, a autora questiona e confronta o conceito de normalidade da sociedade atual. Com Friedrich Dürrenmatt, nos inclinamos frente ao irreverente talento do romancista, dramaturgo e artista plástico suíço.

O consagrado romance infantojuvenil Entregas expressas da Kiki, de Eiko Kadono, que deu origem à animação O serviço de entregas da Kiki do Studio Ghibli, também é novidade em nosso catálogo. A obra é ilustrada por Daniel Kondo; a tradução do japonês é da conhecida autora de infantis Lúcia Hiratsuka.

Ainda no eixo das ciências humanas, trouxemos Duas ideias filosóficas e a pandemia, do professor de ética e filosofia política Renato Janine Ribeiro, que nos contempla com uma visão bem pessoal, justapondo nossa catástrofe político-moral com qualidades humanas básicas como compaixão, piedade, solidariedade. E logo depois, também de nosso ex-ministro da Educação, veio a toque de caixa Maquiavel, a democracia e o Brasil, em que nosso ex-ministro da Educação passa ao crivo dos critérios do pensador florentino, como virtude e fortuna, a inquietação política de nossos presidentes recentes.

Por fim, não podemos hoje em dia ficar alheios ao descalabro ambiental que nos assola. Em Amazônia, uma década de esperança, o biólogo e ambientalista João Paulo R. Capobianco busca demonstrar que há “luzes de esperança” quando se tem uma conjunção de esforços coordenados justapondo intervenções do Estado e da sociedade civil nas políticas de preservação da cobertura florestal na Amazônia brasileira.

Seguimos ainda firmes difundindo a obra do Prêmio Nobel 2019 Peter Handke, com seu recente A segunda espada e sua obra máxima Meu ano na baía de ninguém. Colocamos na praça A substituição ou As regras do Tagame, nosso primeiro Kenzaburo Oe, outro gigante das letras contemporâneas e também laureado com o Nobel (1994). Contrapomos obras dos irmãos antagônicos das letras japonesas: O marinheiro que perdeu as graças do mar, de Yukio Mishima, cuja obra estará presente em nosso catálogo com diversos títulos, incluindo a tetralogia Mar da fertilidade; e Beleza e tristeza, de Yasunari Kawabata, outro laureado do Nobel (1968) de quem, com esta obra, finalizamos a edição da obra romanesca.

Em ousado projeto internacional, trouxemos a lume Mil anos de mangá, da especialista em arte japonesa Brigitte Koyama-Richard. Com suas inúmeros ilustrações, prato cheio para os amantes desse gênero tão popular. Nosso catálogo incluirá logo autoras como Ingeborg Bachmann, com seu festejado Malina; Banana Yoshimoto, cujo Tsugumi se verá acrescentado de Kitchen e de mais outro ainda. A russa Liudmilla Ulítskaia nos presenteia com o impressionante e de certa forma profético A escada de Jacó. Nas humanidades, Peter Sloterdijk permanece conosco com seus imponentes Você precisa mudar sua vida e Os terríveis filhos dos novos tempos, além de Luciano CanforaAdam Tooze e outros, que nos ajudarão a refletir sobre nossa complexa contemporaneidade.